Voltar a Paredes de Coura - Parte 3


O último dia começou da melhor forma com um concerto pleno de energia e irreverência. Os Palma Violets foram responsáveis por um dos concertos mais divertidos de todo o festival. Depois de em 2012 se fazerem notar com o single "Best of Friends", ‘180’ o álbum lançado este ano, veio confirmar os britânicos como uma das boas surpresas de 2013. O concerto começou com "California Sun", música celebrizada pelos The Rivieras, o conhecido “Sol da Caparica” dos Peste&Sida, que logo conquistou o muito público presente àquela hora. Depois foi um desenrolar de temas punk á la The Clash e Ramones, a apelarem ao moche e ao crowd surf. Um baixista possuído, contrapondo com a postura cool do vocalista, e um baterista trepador, foram os anfitriões de um final de tarde de Verão perfeito.

Os Calexico trouxeram a sonoridade do deserto norte-americano até Paredes de Coura. A banda de Joey Burns levou-nos numa viagem que percorreu os caminhos do rock americano, passando pelo mariachi mexicano e pelos ritmos da salsa. Mas não havia tempo a perder, no palco secundário estava a começar um dos concertos mais aguardados por este que vos escreve, os Bass Drum Of Death.

O duo americano é uma das bandas mais subvalorizadas da actualidade. Com dois excelentes álbuns editados, o rock vertiginoso debitado com muitos decibéis à mistura, a fazer lembrar aqui e ali uns Nirvana mais polidos, torna os Bass Drum Of Death uma banda a seguir com atenção. Temas como “GB City” ou “Get Found” possuem alguns dos riffs mais viciantes da actualidade.

Os Belle And Sebastian já andam nestas andanças há alguns anos e são uma das bandas mais queridas em Portugal. Stuart Murdoch é um excelente mestre-de-cerimónias. Sempre de sorriso nos lábios, deu as boas vindas a todo os presentes num português bastante aceitável. Acompanhados por uma secção de cordas inteiramente portuguesa, os muitos membros em palco não se cansaram de sorrir para o público, passando uma boa energia que teve o seu culminar numa invasão de palco com todos (Palma Violets incluídos) a dançar alegremente ao som de “Simple Things”, Boy With Arab Strap” e “Legal Man”. As músicas, essas falam por si, de uma alegria contagiante, são deliciosas pela leveza com que vão crescendo dentro de nós. Um momento único de comunhão, onde todos os elementos (banda, público e local) se alinharam na perfeição.

Para fim de festa, os franceses Justice em modo DJ set (como se eles tivessem outro). Depois de um concerto no Alive que desiludiu, acabaram por ser uma agradável surpresa e contribuíram para um fim de festa em beleza. Muita intensidade suportada por um hipnótico jogo de luzes deixou o muito público ao rubro. Pelo meio ouviram-se temas dos Metronomy, Marvin Gaye, Joan Jett, George Michael e "Don't Stop Me Now", dos Queen para uma despedida apoteótica.

Paredes de Coura é Paredes de Coura! É um festival único e cada edição é irrepetível e especial. Para o ano, cá estaremos!

Texto publicado na Revista Magnética.
Foto © Hugo Lima

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